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3 de maio de 2021

Mãe, Minha Proteção

 

Proteção é um dom,

antes do nascimento.

Manta que te aquece

e priva do sofrimento.

 

É palavra que orienta,

abraço longo e afago na dor.

Traz manhãs iluminadas

no cuidado cheio de calor.

 

Beijo na face,

mão estendida,

mãe é anjo,

por Deus escolhida.

 

Faz comida predileta,

Põe roupa quente, cobertor.

Mãe tem leitura de alma,

carinho, ternura e louvor.

 

E encerrando essa homenagem,

manifesta em sentimento profundo,

preciso dizer da sua coragem

e do seu amor, o  mais sublime do mundo.





 


25 de abril de 2021

Mãe, Plenitude Solar

Ela sorria

e inspirava pessoas.

Aos domingos

Tão solar,

E plena de gestos,

cantava

a música que gostava.

 

Ela tinha alegria

Cheia de vida

e amava,

a família

e seu canteiro de azaleias,

que um perfume exalava.

 

Ela era cheia de sonhos,

ela era forte

e levava esperança

aos mais carentes.

Ela era minha mãe

Em seu coração:

muito amor.


                                               Flória Britez de Eugenio

 

 

 

 

 

Beleza Rara


Ela me ligou na hora do almoço e pediu que a levasse ao médico.

Eu lhe disse que estaria trabalhando, mas deixaria meu carro com ela.

Então passei em sua casa e ela me deixou no trabalho. Uma hora depois, um amigo me ligou e disse: encontrei sua mãe e ela estava com dificuldade para dirigir.

Fiquei muito preocupada e levei-a ao médico que a examinou e pediu uma tomografia da cabeça. Ele disse que poderia ser um AVC, acidente vascular cerebral e por essa razão, ela estava com os movimentos reduzidos do lado esquerdo. Fiquei bem assustada. Minha mãe? Mas a mamãe é tão ativa, tão cheia de vida, que estranho acontecer isso. Mas, de qualquer forma, vamos fazer logo o exame e começar o tratamento indicado.

As virtudes que sempre reconheci em minha mãe, foram sua força e coragem em enfrentar o desconhecido, as adversidades. Ela não tinha medo de nada.

Certa vez, meu pai quis passar o Ano Novo em uma fazenda. Mamãe não gostou da ideia, preferia a festa no clube da cidade. Mais perto e mais animado. Mas ele a convenceu e lá fomos nós. Papai tinha uma caminhonete com capota e arrumaram um colchãozinho para acomodar os três filhos na carroceria, durante a viagem. Naquele tempo, podia. Saímos depois do almoço para a tal fazenda. No entardecer, ainda estávamos na estrada. A ideia era chegar ainda de dia na fazenda. Era estrada de terra, não tinha iluminação e meu pai estava indo pela primeira vez para aquele lugar.  Dormimos. De repente, acordamos e a caminhonete estava atolada em um arado. Minha mãe já estava preocupada, meu pai também. Como sairíamos dali? No meio do nada, na escuridão. Mamãe colocou os três filhos na cabine, por causa dos morcegos. Ficamos os cinco, esperando sei lá o quê, num breu sem fim. Eu tinha onze anos e nunca havia sentido tanto medo na vida. Pensei que iríamos morrer de frio, ou de fome, ou comidos por uma onça. Cheguei a pensar na brevidade da vida, talvez tenha sido a primeira vez que fiquei em reflexão. Por que viemos, meu Deus? Por que estamos aqui? Por que aconteceu isso? Por muitas horas eu me senti em um filme de terror, com medo de algo que nem imaginava. Mas meus pais estavam ali e nos transmitiam segurança. Eu confiava em Deus. Eu confiava na força da minha mãe. Eu confiava nos meus pais. E dormimos ali, atolados no arado, em um ano novo pavoroso, que parecia não ter fim. Quando amanheceu o dia, apareceu um senhor que prestou socorro e nos tirou daquele lugar inóspito. Era o fim do suplício. Sobrevivemos, intactos.

Eu lembrei dessa história, quando fui buscar o resultado do exame no laboratório. Eu imaginava que seria um AVC pelo diagnóstico prévio e já estava me preparando, para conviver com essa nova realidade e ajudar minha mãe.

Estava, com o resultado do exame em mãos, a caminho do hospital, onde a mamãe foi internada em razão de forte tontura. Resolvi parar no posto de gasolina para abastecer. No rádio, tocava uma música linda chamada Beleza Rara. Enquanto o frentista abastecia, abri o envelope. Observei o exame. No lado direito do cérebro, uma imagem circular, grande e de cor laranja. Eu sabia que aquilo era imagem de um tumor enorme. Fiquei imóvel, em estado de choque. Minha amada mãe, de Beleza Rara, estava com algo grave.

No hospital, com meu pai e meus irmãos, ouvimos o parecer do médico: “Ela tem um glioblastoma de quarto grau. A estimativa de sobrevida é de três meses. Não adianta nem fazer cirurgia.”

Ela quis fazer a cirurgia e teve uma sobrevida de oito meses.

Antes de entrar em coma, ela me chamou em sua casa, para me contar uma história. A última história que me contaria. Vi seu sorriso pela última vez.

Mamãe partiu no mês de maio, depois de comemorarmos o dia da mãe.

E foram tantas comemorações. Como ela gostava de festas. Como tinha alegria.

Obrigada mãe por tudo que me ensinou: amar, lutar pelos sonhos e ideais, agir, não se abalar com os obstáculos pois são justamente eles que nos tornam mais fortes, reconhecer os erros, pedir desculpas, dizer obrigada, pedir 'por favor'. E outros valores indeléveis. Seu nome: Coragem.

Nunca te esquecerei, porque sou parte de você. 

Muito amor e gratidão eterna.