2 de maio de 2021

Expectativas Sintéticas

Somos traídos,

Dia após dia,

Pelas expectativas

que criamos.

Nos decepcionamos

com pessoas,

por depositar

nossa totalidade

existencial no outro.

Diz respeito

somente a nós mesmos,

a responsabilidade

pelos sentimentos.

 

Sim,

muitas expectativas

são descartáveis.

Posso brindar a Perls,

com a melhor

e mais expressiva,

cepa de Shiraz,

pelo despertar

da consciência

em oração

‘Eu sou eu

Você é você.

Se nos encontrarmos,

Será lindo.

Se não, nada há a fazer.’

E está tudo bem.





 


27 de abril de 2021

Sobre Vencer o Mundo

 Muitas vezes,

Não é sobre vencer adversidades.
Não é sobre ter sorte,
Dinheiro ou beleza.

Muitas vezes,
É sobre vencer a si mesmo.

Vencer medos,
desconfianças,
manias,
curar as próprias chagas.

Todos nós temos cicatrizes,
não somos os únicos,
nem somos tão especiais por isso
e o mundo, quase sempre,
não nos tratará
de forma melhor
por essa razão.
A lamentação, cega.

Abrir os braços e agradecer,
parar de esperar reconhecimento,
congratular os próprios méritos
e tratar-se com gentileza,
mostra a grandeza do ser humano
que se é,
a alguém incrível:
nós mesmos.

E tudo começa a mudar.
A chave é de dentro
Para fora.
O mundo começa
por nós.


 

 

 

 

 

 

25 de abril de 2021

Mãe, Plenitude Solar

Ela sorria

e inspirava pessoas.

Aos domingos

Tão solar,

E plena de gestos,

cantava

a música que gostava.

 

Ela tinha alegria

Cheia de vida

e amava,

a família

e seu canteiro de azaleias,

que um perfume exalava.

 

Ela era cheia de sonhos,

ela era forte

e levava esperança

aos mais carentes.

Ela era minha mãe

Em seu coração:

muito amor.


                                               Flória Britez de Eugenio

 

 

 

 

 

Beleza Rara


Ela me ligou na hora do almoço e pediu que a levasse ao médico.

Eu lhe disse que estaria trabalhando, mas deixaria meu carro com ela.

Então passei em sua casa e ela me deixou no trabalho. Uma hora depois, um amigo me ligou e disse: encontrei sua mãe e ela estava com dificuldade para dirigir.

Fiquei muito preocupada e levei-a ao médico que a examinou e pediu uma tomografia da cabeça. Ele disse que poderia ser um AVC, acidente vascular cerebral e por essa razão, ela estava com os movimentos reduzidos do lado esquerdo. Fiquei bem assustada. Minha mãe? Mas a mamãe é tão ativa, tão cheia de vida, que estranho acontecer isso. Mas, de qualquer forma, vamos fazer logo o exame e começar o tratamento indicado.

As virtudes que sempre reconheci em minha mãe, foram sua força e coragem em enfrentar o desconhecido, as adversidades. Ela não tinha medo de nada.

Certa vez, meu pai quis passar o Ano Novo em uma fazenda. Mamãe não gostou da ideia, preferia a festa no clube da cidade. Mais perto e mais animado. Mas ele a convenceu e lá fomos nós. Papai tinha uma caminhonete com capota e arrumaram um colchãozinho para acomodar os três filhos na carroceria, durante a viagem. Naquele tempo, podia. Saímos depois do almoço para a tal fazenda. No entardecer, ainda estávamos na estrada. A ideia era chegar ainda de dia na fazenda. Era estrada de terra, não tinha iluminação e meu pai estava indo pela primeira vez para aquele lugar.  Dormimos. De repente, acordamos e a caminhonete estava atolada em um arado. Minha mãe já estava preocupada, meu pai também. Como sairíamos dali? No meio do nada, na escuridão. Mamãe colocou os três filhos na cabine, por causa dos morcegos. Ficamos os cinco, esperando sei lá o quê, num breu sem fim. Eu tinha onze anos e nunca havia sentido tanto medo na vida. Pensei que iríamos morrer de frio, ou de fome, ou comidos por uma onça. Cheguei a pensar na brevidade da vida, talvez tenha sido a primeira vez que fiquei em reflexão. Por que viemos, meu Deus? Por que estamos aqui? Por que aconteceu isso? Por muitas horas eu me senti em um filme de terror, com medo de algo que nem imaginava. Mas meus pais estavam ali e nos transmitiam segurança. Eu confiava em Deus. Eu confiava na força da minha mãe. Eu confiava nos meus pais. E dormimos ali, atolados no arado, em um ano novo pavoroso, que parecia não ter fim. Quando amanheceu o dia, apareceu um senhor que prestou socorro e nos tirou daquele lugar inóspito. Era o fim do suplício. Sobrevivemos, intactos.

Eu lembrei dessa história, quando fui buscar o resultado do exame no laboratório. Eu imaginava que seria um AVC pelo diagnóstico prévio e já estava me preparando, para conviver com essa nova realidade e ajudar minha mãe.

Estava, com o resultado do exame em mãos, a caminho do hospital, onde a mamãe foi internada em razão de forte tontura. Resolvi parar no posto de gasolina para abastecer. No rádio, tocava uma música linda chamada Beleza Rara. Enquanto o frentista abastecia, abri o envelope. Observei o exame. No lado direito do cérebro, uma imagem circular, grande e de cor laranja. Eu sabia que aquilo era imagem de um tumor enorme. Fiquei imóvel, em estado de choque. Minha amada mãe, de Beleza Rara, estava com algo grave.

No hospital, com meu pai e meus irmãos, ouvimos o parecer do médico: “Ela tem um glioblastoma de quarto grau. A estimativa de sobrevida é de três meses. Não adianta nem fazer cirurgia.”

Ela quis fazer a cirurgia e teve uma sobrevida de oito meses.

Antes de entrar em coma, ela me chamou em sua casa, para me contar uma história. A última história que me contaria. Vi seu sorriso pela última vez.

Mamãe partiu no mês de maio, depois de comemorarmos o dia da mãe.

E foram tantas comemorações. Como ela gostava de festas. Como tinha alegria.

Obrigada mãe por tudo que me ensinou: amar, lutar pelos sonhos e ideais, agir, não se abalar com os obstáculos pois são justamente eles que nos tornam mais fortes, reconhecer os erros, pedir desculpas, dizer obrigada, pedir 'por favor'. E outros valores indeléveis. Seu nome: Coragem.

Nunca te esquecerei, porque sou parte de você. 

Muito amor e gratidão eterna.



 

 

Ame-se Um Tanto Assim

Logo cedo,

em frente à estrada,

seguindo o trecho,

no cerne de capilaridade.

Cortando a cana,

bebendo seu caldo,

ou estrilando senhas e diapasões

pelas guaviras dos cerrados.

Ame-se

Um tanto assim.


Mesmo enfrentando

horrores e serpentes,

elegante sobrevivente,

do espanto e da discórdia.

Renuncie à catarse distópica,

num preâmbulo qualquer,

em epifania de querubim.

 

 

2 de abril de 2021

Na Manhã de Segunda-Feira

 

Na manhã de segunda-feira,

tecem-se os planos,

rogam-se aos anjos

proteção para semana inteira.

 

Tem trânsito impaciente

e pedestre apressado,

a esperança é espairada

com muita fé por todo lado.

 

O carro que se adianta,

o estudante com dever na mão,

o trabalhador de passos largos

 e o ciclista na contramão.

 

Tem ambulante na calçada

Com muita mercadoria

E a senhora oferece ao mendigo,

todo o troco da padaria.

 

O executivo tem na agenda

Pausa e café para despertar o dia.

Tempo de trabalho abençoado.

Seja bendita a semana se inicia.



 

1 de abril de 2021

Crepúsculos de Outono

 



Fique à vontade.

Escolha uma porta

ou qualquer fenestra

e trave dialética com a natureza.

 

Crepúsculo de Outono

é uma carta que diz: 

desfaça-se das folhas secas

e descame sua epiderme,

ainda que à revelia.

 

Tal fulgor

De inebriante cor laranja,

Rasga frações introspectas,

Com conceitos exilados

valores diversos,

indagações e possibilidades.

Afirma mutações,

reconhece
e alcança dons.

Tange capacidades.

 

Essa imersão em seu próprio mundo,

legitima reflexão e

autoconhecimento.
Reorganiza

pessoas,

coisas, 

e despe dileção

por sua verdadeira,

única

e irretocável

essência.







A Paixão do Salvador

Em seus passos,

a dolorosa aflição

do pérfido martírio.

O fardo extremo da cruz,

castigava seu

combalido dorso

por pisaduras sangrentas.

A coroa de espinhos,

guardava o desidério

de lacerar sua carne.

 

Em sua face,

As lágrimas escorriam

num torpor retorcido

ante o soturno,

iminente

e pérfido epílogo.

Ele pereceu,

levando consigo

o lúgubre magma

da transgressão humana.

E foi assim,

pela paixão de Cristo

e seu infinito amor,

que fomos sarados.

 



 

18 de março de 2021

Balada para Minha Filha

 

Obrigada por tornar-me alguém

Que nunca imaginei que pudesse ser.

Obrigada por suavizar minha existência

E minha forma de lidar com as coisas.

Comecei a acreditar em dias melhores,

Esperança e milagres.

 

E naquelas manhãs em que acordei

Porque acreditava que você precisava de mim,

Aprendi o quanto preciso de você.

 

Parece que foi outro dia,

Que eu procurava meus coadores de chá

e você os escondia,

Dizendo que eram Caçadores de Borboletas.

E quando eu contei a verdade

sobre o Coelho da Páscoa,

sobre a fada do dente,

Papai Noel e duende...

Parece que foi outro dia...

Quinze de anos de felicidade.


Minha amada Stella,

Que Deus multiplique seu tempo na terra

E que cubra de bençãos

E alegrias

Todos os seus dias.

Com amor,

mamãe.




 

 

 

11 de março de 2021

ESCARTELATE

ESCARTELATE chegou!
pré-venda pelo link da Editora Life! 
EVOÉ, ESCARTELATE!


Olá amigos! Em razão da pandemia, a editora Life e eu, resolvemos fazer o pré-lançamento do Escartelate, pelo site! Mas ele irá autografado por mim, diretamente para vocês. Só clicar no link e garantir o seu! Parte da renda será revertida para a publicação da antologia #PoesiaEmTodaEsquina ,com a poesia de novos autores e também autores consagrados! bjs! (meu Deus, muita emoção!)
E aqui a gente comemora com poesia!

Flores & Escartelate 💖
Comemorar a vida É sentir a magia das horas feito brisa que sopra no rosto. Comemorar a vida, é ver que a beleza do dia pode estar no cair da tarde, no ensejo de um abraço. ou no afago do aroma de alecrim. É música que invade o jardim. E nos infinitos das flores e em cada canto deste mundo, passo a compreender melhor as cores que inundam meu abrigo e enfeitam as esquinas e toda consagração. O escartelate da minha infância... guardo a lembrança, do sabor, do doce, da emoção. Por tudo, sempre, Gratidão. Carmen Eugenio #PoesiaEmTodaEsquina

 

9 de março de 2021

Solene Amor Líquido

Não perca tempo

Com jogos emocionais,

subversivos, apelos crueis

e cenas teatrais.

 

Não faça pactos

De amor líquido.

Bauman,

bem entenderia.

Quem sabe essa,

seja a única armadilha.

 

Num encontro

Com o irascível e prolixo,

Existe o prenúncio

De divagar pelas falésias

do Espelho,

Em solene reconciliação

Com o próprio eu.



   

7 de março de 2021

Olá linda Mulher



Olá linda Mulher

Neste seu dia, 
quero lhe dar parabéns.
Poderia citar tantos predicados,
Como essa sua beleza que vem de dentro.
Beleza serena, perene, indelével, imutável.
Essa beleza que nem o tempo 
Consegue mudar.
Essa beleza de alma,
Um encanto que só você tem.

Obrigada por tantas vezes ser gregária,
Conciliadora e gentil.
Tão bom te ver espalhando 
Alegria e esperança.
Obrigada por esparramar essa graça,
Essa energia que contagia,
Essa coragem espetacular.

Modos e maneiras
Que enfrentam desafios 
e que a tornam cada vez mais forte.
Um dia beija-flor, 
no outro, dissabor,
Mas sempre,
Muito amor.

(Carmen Eugenio)

6 de março de 2021

Mulher

Guerreira do impossível

e sonho acalentado,

Seu carinho é imprescindível,

tem leveza e abraço apertado.

 

Mulher,

Sua palavra estrutura,

seu Silêncio, traz temperança.

Sua presença é plenitude e esplendor,

dádiva e segurança.

 

Rio que flui,

feito música, rima e poesia.

É amor e força matriz,

Nau no porto e ventania.

 

Seu sorriso largo,

Doce abrigo irrestrito.

Luz que promove

Franqueza e afeto Infinito.

 

Ela quer respeito, espaço

e o direito de ser

quem é:

Verdade, flor e fortaleza.

Exaltando contentamento,

em deleite original,

saudando cada instante

como arte-final.