Mentiras
Existem
São óbvias
Repetem-se
Desafiam
Entristecem
Diminuem
Disfarçam
Afastam
Crescem
Insistem
Destroem
Terminam
Encerram.
...e nos infinitos das flores e em cada canto deste mundo, passo a compreender melhor as cores que inundam meu abrigo, que enfeitam as esquinas e toda consagração.
Mentiras
Existem
São óbvias
Repetem-se
Desafiam
Entristecem
Diminuem
Disfarçam
Afastam
Crescem
Insistem
Destroem
Terminam
Encerram.
A magenta me abraça
Com vagar, peremptória,
Na certeza de enlevar
minha alma
em doçura e prazer.
Se não fosse
esse contentamento e beleza,
não poderia congratular
minhas histórias,
na nítida, notória, inconteste,
benção da natureza.
Estaria, tal insígnia,
estrela do ócio,
que floresce, espalha e alenta,
vagueando docemente
pelos jardins em poesia.
Um sentimento ardente,
de expressão ávida
e toque cálido,
onde reside o calor,
de velada ousadia.
Seus registros,
impressos com certa polidez
em papel carbono,
acalentam os dias,
apesar do sopro,
constante e contumaz,
de um sereno frio de outono.
No caminho entre estradas e becos,
repleto de contemplação,
uma alegria sem intermitências,
alterna versos e solidão.
Nessa confluência de ilusão
brotam teorias da vontade,
brindam harpas e arcanjos,
no arranjo da verdade.
Movimentos,
palavras e ausências.
E a melhor parte da história
é a que não se fala.
No ritmo do irreal,
a imaginação exala.
Perder-se entre o céu e o chão.
mera tribulação
sem caminhar pelo óbvio,
da profecia ou tradução.
Nessas parcas cronologias
e interrupções temporais,
o anacrônico vira poesia,
de encontros surreais.
Proteção é um dom,
antes do nascimento.
Manta que te aquece
e priva do sofrimento.
É palavra que orienta,
abraço longo e afago na dor.
Traz manhãs iluminadas
no cuidado cheio de calor.
Beijo na face,
mão estendida,
mãe é anjo,
por Deus escolhida.
Faz comida predileta,
Põe roupa quente, cobertor.
Mãe tem leitura de alma,
carinho, ternura e louvor.
E encerrando essa homenagem,
manifesta em sentimento profundo,
preciso dizer da sua coragem
e do seu amor, o mais sublime do mundo.
O olhar pelo outro diz muito sobre o ser humano.
O idoso com a visão comprometida e seu o caminhar lento e pessoas com deficiência, têm muita dificuldade de locomoção. Percebo o quanto essas pessoas são invisíveis para muita gente, sem compaixão e algum respeito.
Qualquer obstáculo minúsculo tem proporção muito maior para alguém com mobilidade reduzida. É muita dificuldade.
Observe nossas calçadas. Quantos desafios até para quem não tem problemas. Para quem tem, fica quase impossível transpor buracos, calçadas quebradas, elevadas em razão de raiz de árvores, etc.
E quando estamos nas filas de algum lugar público como supermercados, farmácias, padarias, bancos?
Faça um esforço em olhar mais para as pessoas e suas necessidades. Olhe para os lados. Tenha compaixão pelo próximo. Existem tantos problemas maiores que os nossos. Existe o outro.
Estive imobilizada durante um mês em razão de um pequeno acidente e fiquei impressionada com a falta de respeito das pessoas. Eu estava com o pé engessado, com muleta, andando com muita dificuldade e a maioria das pessoas atravessava na minha frente sem nem olhar. Não fiquei com pena de mim. Fiquei pensando nas pessoas que possuem dificuldades permanentes, que esperam a mínima consideração dos outros. Que são desrespeitadas durante toda a vida. Na farmácia uma mulher passou na minha frente na fila e nos correios, as pessoas ignoraram meu problema. Inclusive os funcionários. Em um mês, não vi ninguém com um olhar de comiseração.
Podemos distribuir atenção e respeito, como forma de afeto e promover a inclusão a partir de um exercício diário de amor ao próximo. Aliás, falando assim, parece que respeito é um favor. Respeito é uma obrigação, existem leis. Mas esse respeito pelo próximo, diz mais sobre nós. O ser humano que respeita o próximo, tem uma nobreza de alma, uma beleza, uma dignidade.
A empatia é um presente diário para o outro mas, principalmente, para nós mesmos.
Estamos aqui para evoluir.
Passamos a vida
procurando por respostas,
acreditando em pessoas,
buscando espaços
para expressar nossas verdades.
Coexistentes do espectro
que baila pujante
pelo ardil plúmbeo
dos reveses,
incineramos,
diversas vezes,
retóricas condensadas
por qualquer vaidade,
remanescente e tóxica,
em fogueiras intrépidas,
adornadas
por espasmos comoventes
de chamas febris
e faíscas irascíveis,
contundentes e perversas.
Trazemos a esperança
compilada em manuscritos,
arrancada de entranhas
seculares e secretas,
que desaguam em
versões e ressureições,
esquecidas entre as brumas,
debruçadas em tórrida
revelia
e trazidas
na alvorada
moldurada
pelo esplendor
do sol nascente.
.
Mate o Ego
Dome a impetuosidade e
Brevidade de suas emoções.
Para um ser humano inteiro
de consciência plena
que não depende
de outra metade.
O equilíbrio dorme
nas profundezas
das razões,
entorpecidas
pela essência
da autoimagem,
de um ego equivocado
e mesquinho.
Ouça as pessoas.
Extravie suas opiniões.
Mate o ego
Para emergir
Da angústia e
Resplandecer na
Incoerência das
Convenções reversas
e ajustes insólitos.
Somos traídos,
Dia após dia,
Pelas expectativas
que criamos.
Nos decepcionamos
com pessoas,
por depositar
nossa totalidade
existencial no outro.
Diz respeito
somente a nós mesmos,
a responsabilidade
pelos sentimentos.
Sim,
muitas expectativas
são descartáveis.
Posso brindar a Perls,
com a melhor
e mais expressiva,
cepa de Shiraz,
pelo despertar
da consciência
em oração
‘Eu sou eu
Você é você.
Se nos encontrarmos,
Será lindo.
Se não, nada há a fazer.’
E está tudo bem.
Muitas vezes,
Ela sorria
e inspirava pessoas.
Aos domingos
Tão solar,
E plena de gestos,
cantava
a música que gostava.
Ela tinha alegria
Cheia de vida
e amava,
a família
e seu canteiro de azaleias,
que um perfume exalava.
Ela era cheia de sonhos,
ela era forte
e levava esperança
aos mais carentes.
Ela era minha mãe
Em seu coração:
muito amor.
Flória Britez de Eugenio
Ela me ligou na hora do almoço e pediu
que a levasse ao médico.
Eu lhe disse que estaria trabalhando,
mas deixaria meu carro com ela.
Então passei em sua casa e ela me
deixou no trabalho. Uma hora depois, um amigo me ligou e disse: encontrei sua
mãe e ela estava com dificuldade para dirigir.
Fiquei muito preocupada e levei-a ao
médico que a examinou e pediu uma tomografia da cabeça. Ele disse que poderia
ser um AVC, acidente vascular cerebral e por essa razão, ela estava com os
movimentos reduzidos do lado esquerdo. Fiquei bem assustada. Minha mãe? Mas a
mamãe é tão ativa, tão cheia de vida, que estranho acontecer isso. Mas, de
qualquer forma, vamos fazer logo o exame e começar o tratamento indicado.
As virtudes que sempre reconheci em
minha mãe, foram sua força e coragem em enfrentar o desconhecido, as
adversidades. Ela não tinha medo de nada.
Certa vez, meu pai quis passar o Ano
Novo em uma fazenda. Mamãe não gostou da ideia, preferia a festa no clube da
cidade. Mais perto e mais animado. Mas ele a convenceu e lá fomos nós. Papai
tinha uma caminhonete com capota e arrumaram um colchãozinho para acomodar os três
filhos na carroceria, durante a viagem. Naquele tempo, podia. Saímos depois do
almoço para a tal fazenda. No entardecer, ainda estávamos na estrada. A ideia
era chegar ainda de dia na fazenda. Era estrada de terra, não tinha iluminação
e meu pai estava indo pela primeira vez para aquele lugar. Dormimos. De repente, acordamos e a
caminhonete estava atolada em um arado. Minha mãe já estava preocupada, meu pai
também. Como sairíamos dali? No meio do nada, na escuridão. Mamãe colocou os
três filhos na cabine, por causa dos morcegos. Ficamos os cinco, esperando sei
lá o quê, num breu sem fim. Eu tinha onze anos e nunca havia sentido tanto medo
na vida. Pensei que iríamos morrer de frio, ou de fome, ou comidos por uma
onça. Cheguei a pensar na brevidade da vida, talvez tenha sido a primeira vez
que fiquei em reflexão. Por que viemos, meu Deus? Por que estamos aqui? Por que
aconteceu isso? Por muitas horas eu me senti em um filme de terror, com medo de
algo que nem imaginava. Mas meus pais estavam ali e nos transmitiam segurança. Eu
confiava em Deus. Eu confiava na força da minha mãe. Eu confiava nos meus pais.
E dormimos ali, atolados no arado, em um ano novo pavoroso, que parecia não ter
fim. Quando amanheceu o dia, apareceu um senhor que prestou socorro e nos tirou
daquele lugar inóspito. Era o fim do suplício. Sobrevivemos, intactos.
Eu lembrei dessa história, quando fui buscar
o resultado do exame no laboratório. Eu imaginava que seria um AVC pelo
diagnóstico prévio e já estava me preparando, para conviver com essa nova
realidade e ajudar minha mãe.
Estava, com o resultado do exame em mãos, a caminho do hospital, onde a
mamãe foi internada em razão de forte tontura. Resolvi parar no posto de
gasolina para abastecer. No rádio, tocava uma música linda chamada Beleza Rara.
Enquanto o frentista abastecia, abri o envelope. Observei o exame. No lado
direito do cérebro, uma imagem circular, grande e de cor laranja. Eu sabia que
aquilo era imagem de um tumor enorme. Fiquei imóvel, em estado de choque. Minha
amada mãe, de Beleza Rara, estava com algo grave.
No hospital, com meu pai e meus
irmãos, ouvimos o parecer do médico: “Ela tem um glioblastoma de quarto grau. A
estimativa de sobrevida é de três meses. Não adianta nem fazer cirurgia.”
Ela quis fazer a cirurgia e teve uma
sobrevida de oito meses.
Antes de entrar em coma, ela me chamou
em sua casa, para me contar uma história. A última história que me contaria. Vi
seu sorriso pela última vez.
Mamãe partiu no mês de maio, depois de
comemorarmos o dia da mãe.
E foram tantas comemorações. Como ela
gostava de festas. Como tinha alegria.
Obrigada mãe por tudo que me ensinou: amar, lutar pelos sonhos e ideais, agir, não se abalar com os obstáculos pois são justamente eles que nos tornam mais fortes, reconhecer os erros, pedir desculpas, dizer obrigada, pedir 'por favor'. E outros valores indeléveis. Seu nome: Coragem.
Nunca te esquecerei, porque sou parte de você.
Muito amor e gratidão eterna.