1 de junho de 2021

Jardim das Epifanias

 

Não escapes

o tempo inteiro,

e não insistas

nesse estranhamento débil,

por toda a vida.

Não há limite

para incoerência do enredo

sem sentido, 

onde o inesperado 

pode acontecer.

E, então, 

a revelação,

o extraordinário

jardim das epifanias.


No bailar lispectoriano,

inclusive o amor,

gravado em turbulência,

denota o perigo

de estar só, 

uma solidão inexorável.

 

Viver é gênero da opulência,

viver é bom.

Viver é um processo,

pode doer,

mas existe o prazer,

infinito e

intumescido,

pela sua intensidade

que transborda,

amiúde.


Para enxergar o belo

em um universo de

conveniências rasas,

existem os detalhes,

que prescindem ao contexto,

descobertos pela hermenêutica

de um fluxo de consciência.


É preciso ultrapassar o óbvio

das utilidades perversas

e inventar alguns paradoxos,

em que a vida não poderá sucumbir.



 

 

 

 

30 de maio de 2021

Está tudo bem

 

Um dia,

Você acorda

Com vontade de mudar o mundo.

Um dia,

Você acorda com vontade de consertar o mundo.

Um dia,

Você acorda com vontade de aceitar o mundo.

Um dia,

Você acorda e ama o mundo,

Do jeito que ele é.

E todo aquele sofrimento, acaba.

E então,

Você entende.

Você faz parte do mundo

E o mundo,

Está dentro de você.

Está tudo bem.




22 de maio de 2021

Liturgia do Cinzel

No refúgio da liturgia

Ora bronze, ora nada,

A vida traz desafio

e entalhe à jornada.

 

À revelia de cada dor,

Sem o lastro do esteio,

Em inócuo desvario,

o cinzel descerra o veio.

 

Pelas tramas soturnas,

Desprovidas do matiz,

Revela-se a simetria,

De um loquaz aprendiz.



 

 

 

 

 

 

 

17 de maio de 2021

Pôr-do-Sol em Barcelona

 

Essa é a melhor parte.

Pela taça de um Tempranillo,

apreciar pôr-do-sol da primavera.

Perder-se pelo tempo,

Á procura de conchas

cobertas pela areia.

 

O mar mediterrâneo,

não poderia

Conspirar da melhor forma,

Com aquelas notas audíveis,

vindas das ondas espumantes.

 

Risos clandestinos,

águas congelantes

E fitamos inebriados,

um dileto ocaso em Barcelona.

 


 

16 de maio de 2021

Mentiras

 

Mentiras

Existem

São óbvias

Repetem-se

Desafiam

Entristecem

Diminuem

Disfarçam

Afastam

Crescem

Insistem

Destroem

Terminam

Encerram. 



 

Benção da Natureza

A magenta me abraça

Com vagar, peremptória,

Na certeza de enlevar

minha alma

em doçura e prazer.

 

Se não fosse

esse contentamento e beleza,

não poderia congratular

minhas histórias,

na nítida, notória, inconteste,

benção da natureza.




 

15 de maio de 2021

Estrela do Ócio

Estaria, tal insígnia,

estrela do ócio,

que floresce, espalha e alenta,

vagueando docemente

pelos jardins em poesia.

 

Um sentimento ardente,

de expressão ávida

e toque cálido,

onde reside o calor,

de velada ousadia.

 

Seus registros,

impressos com certa polidez

em papel carbono,

acalentam os dias,

apesar do sopro,

constante e contumaz,

de um sereno frio de outono.

 

 

 

 

 

 


 

 

 

 

12 de maio de 2021

Contemplação

No caminho entre estradas e becos,

repleto de contemplação,

uma alegria sem intermitências,

alterna versos e solidão.

 

Nessa confluência de ilusão

brotam teorias da vontade,

brindam harpas e arcanjos,

no arranjo da verdade.



 

 

 

 

 

 

Cadência Imaginária


Movimentos,

palavras e ausências.

E a melhor parte da história

é a que não se fala.

No ritmo do irreal,

a imaginação exala.

 

Perder-se entre o céu e o chão.

mera tribulação

sem caminhar pelo óbvio,

da profecia ou tradução.


Nessas parcas cronologias

e interrupções temporais,

o anacrônico vira poesia,

de encontros surreais.



 

 

3 de maio de 2021

Mãe, Minha Proteção

 

Proteção é um dom,

antes do nascimento.

Manta que te aquece

e priva do sofrimento.

 

É palavra que orienta,

abraço longo e afago na dor.

Traz manhãs iluminadas

no cuidado cheio de calor.

 

Beijo na face,

mão estendida,

mãe é anjo,

por Deus escolhida.

 

Faz comida predileta,

Põe roupa quente, cobertor.

Mãe tem leitura de alma,

carinho, ternura e louvor.

 

E encerrando essa homenagem,

manifesta em sentimento profundo,

preciso dizer da sua coragem

e do seu amor, o  mais sublime do mundo.





 


O Olhar Pelo Outro

 

O olhar pelo outro diz muito sobre o ser humano.

O idoso com a visão comprometida e seu o caminhar lento e pessoas com deficiência, têm muita dificuldade de locomoção. Percebo o quanto essas pessoas são invisíveis para muita gente, sem compaixão e algum respeito.

Qualquer obstáculo minúsculo tem proporção muito maior para alguém com mobilidade reduzida. É muita dificuldade.

Observe nossas calçadas. Quantos desafios até para quem não tem problemas. Para quem tem, fica quase impossível transpor buracos, calçadas quebradas, elevadas em razão de raiz de árvores, etc.

E quando estamos nas filas de algum lugar público como supermercados, farmácias, padarias, bancos?

Faça um esforço em olhar mais para as pessoas e suas necessidades. Olhe para os lados. Tenha compaixão pelo próximo. Existem tantos problemas maiores que os nossos. Existe o outro.

Estive imobilizada durante um mês em razão de um pequeno acidente e fiquei impressionada com a falta de respeito das pessoas. Eu estava com o pé engessado, com muleta, andando com muita dificuldade e a maioria das pessoas atravessava na minha frente sem nem olhar. Não fiquei com pena de mim. Fiquei pensando nas pessoas que possuem dificuldades permanentes, que esperam a mínima consideração dos outros. Que são desrespeitadas durante toda a vida. Na farmácia uma mulher passou na minha frente na fila e nos correios, as pessoas ignoraram meu problema. Inclusive os funcionários. Em um mês, não vi ninguém com um olhar de comiseração.

Podemos distribuir atenção e respeito, como forma de afeto e promover a inclusão a partir de um exercício diário de amor ao próximo. Aliás, falando assim, parece que respeito é um favor. Respeito é uma obrigação, existem leis. Mas esse respeito pelo próximo, diz mais sobre nós. O ser humano que respeita o próximo, tem uma nobreza de alma, uma beleza, uma dignidade.

A empatia é um presente diário para o outro mas, principalmente, para nós mesmos.

Estamos aqui para evoluir.




 

 

2 de maio de 2021

O Espectro e a Dialética

Passamos a vida

procurando por respostas,

acreditando em pessoas,

buscando espaços

para expressar nossas verdades.

 

Coexistentes do espectro

que baila pujante

pelo ardil plúmbeo

dos reveses,

incineramos,

diversas vezes,

retóricas condensadas

por qualquer vaidade,

remanescente e tóxica,

em fogueiras intrépidas,

adornadas

por espasmos comoventes

de chamas febris

e faíscas irascíveis,

contundentes e perversas.

 

Trazemos a esperança

compilada em manuscritos,

arrancada de entranhas

seculares e secretas,

que desaguam em

versões e ressureições,

esquecidas entre as brumas,

debruçadas em tórrida

revelia

e trazidas

na alvorada

moldurada

pelo esplendor

do sol nascente.



 

 

 

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Mate o Ego

Mate o Ego

 

Dome a impetuosidade e

Brevidade de suas emoções.

Para um ser humano inteiro

de consciência plena

que não depende

de outra metade.

 

O equilíbrio dorme

nas profundezas

das razões,

entorpecidas

pela essência

da autoimagem,

de um ego equivocado

e mesquinho.

 

Ouça as pessoas.

Extravie suas opiniões.

Mate o ego

Para emergir

Da angústia e

Resplandecer na

Incoerência das

Convenções reversas

e ajustes insólitos.